Dom Baldo de Martim Tirado e o seu palácio de uma torre - Capítulo XIX

Muitos anos depois faleceram, o Fidalgo e sua mulher. O palácio ficou desabitado e começou a degradar-se. Os filhos do fidalgo não queriam viver ali. Não se sabe por que razão.

Algumas pessoas, inimigas daquela família, diziam que os herdeiros do Fidalgo não queriam habitar aquele palácio, porque estava encantado e tinham medo dos fantasmas.

Então o mestre-de-obras Nuno Gomes Lopes, neto de Aníbal Lopes, que foi vizinho e amigo de Dom Baldo, comprou o palácio e mandou restaurá-lo, com um seu projecto e sob a sua direcção, depois de conhecer e respeitar toda a história daquela família, do mouro (que não se sabe com exactidão se era uma pessoa de carne e osso ou um fantasma), do seu castelo, das lendas das mouras encantadas, da mourama e da mouraria, do que diziam os bruxos (dos que falavam verdade e dos mentirosos) e da influência dos astros e das estrelas sobre o modo de viver das pessoas daquele povo. Para executar a obra contratou uns famosos pedreiros de Freixo de Espada à Cinta, conhecidos por Pintados.

O palácio está restaurado, com excepção da torre, e se antes estava encantado, agora mais encantado está. Quando a torre estiver concluída o Nuno poderá usar os títulos de Dom ou de Fidalgo ou os dois.

Quem olhar para este palácio ficará encantado para sempre.


 António Júlio Lopes (Natural de Martim Tirado)

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