Em dia de tanto calor despertou-nos a atenção o murmúrio da
água de uma fonte. Não a víamos, talvez devido a umas árvores que se
encontravam à nossa frente ou a algum penedo. No cruzamento os nossos animais, por sua
iniciativa, viraram na sua direcção. Era a fonte dos Couços, famosa pela pureza e
frescura da sua água, tal como a da Fonte da Saúde.
Nisto ouviu-se uma
pessoa a cantar. O canto era alegre e suave. Surpreendeu-nos não podermos saber donde vinha a voz, talvez devido ao eco
repetido que fazia no vale. Enquanto falávamos no assunto, vimos que uns ramos de uma
figueira se mexiam, sem que houvesse vento ou que se visse qualquer pessoa que os
fizesse mexer. A situação era estranha. Por precaução empunhámos as nossas armas. O
Botelho gritou: apresente-se o cantor ou o fantasma. Então saiu de trás de um muro um
rapaz conhecido do Botelho que andava ali com um cesto a colher figos e uvas.
Nesse momento deixou de se ouvir cantar e os ramos da figueira já não mexiam.
Seria ele quem anteriormente cantava e mexia nos ramos da figueira.
Entretanto chegaram
várias pessoas à fonte, para dar de beber aos animais e transportar água. No dorso dos animais traziam uns cestos de
vime com cântaros de barro. As mulheres usavam lenços na cabeça, as mais novas de
cores variadas e as mais velhas de cor preta, segundo a tradição.
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